NORDESTE DA GENTE

Caboclo sentado em beira d'água

Olhando o cultivo crescendo, na terra por ele amada

Sentindo no peito o orgulho de ser um nordestino

Dessa terra também por mim amada

No santo domingo o descanso, a preguiça desejada

Olhando a morena passar, sorrindo encabulada

No encanto que tem essa terra, por Padre Cícero abençoada

Menino passando com o burro,

Levando não sei quantas cargas d'água

Viajantes que vão passando, na beira da estrada

Olham pro céu do nordeste e dizem que agora essa é sua morada

E lá vai o rapaz suspirando, pensando na doce amada

E a moça esperando por ele, sentada na calçada

Vendo passar o peão que fala com o boi, numa conversa calada

Passa a menina-moça, olhando o poeta encantada

O poeta faz-lhe uns versos:

"Menina-moça danada,

Desse sertão consagrada

Vem sentar cá comigo

Pra nós dar uma namorada!"

Sai às pressas a menina-moça envergonhada.

E lá vem a lavadeira com uma trouxa de roupa lavada

Vem passando na porteira e deixa escancarada

Entrega a roupa cheirosa, passa pela porteira de novo,

Deixando agora fechada

A casa é da vitalina, que anda desengonçada

Doida por um casamento, corre atrás da rapazeada

Pensando: "Um dia quem sabe, estarei eu casada!"

Êta Nordeste parada!

GLÉCIA FERREIRA
Enviado por GLÉCIA FERREIRA em 04/06/2007
Código do texto: T512978
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