NORDESTE DA GENTE
Caboclo sentado em beira d'água
Olhando o cultivo crescendo, na terra por ele amada
Sentindo no peito o orgulho de ser um nordestino
Dessa terra também por mim amada
No santo domingo o descanso, a preguiça desejada
Olhando a morena passar, sorrindo encabulada
No encanto que tem essa terra, por Padre Cícero abençoada
Menino passando com o burro,
Levando não sei quantas cargas d'água
Viajantes que vão passando, na beira da estrada
Olham pro céu do nordeste e dizem que agora essa é sua morada
E lá vai o rapaz suspirando, pensando na doce amada
E a moça esperando por ele, sentada na calçada
Vendo passar o peão que fala com o boi, numa conversa calada
Passa a menina-moça, olhando o poeta encantada
O poeta faz-lhe uns versos:
"Menina-moça danada,
Desse sertão consagrada
Vem sentar cá comigo
Pra nós dar uma namorada!"
Sai às pressas a menina-moça envergonhada.
E lá vem a lavadeira com uma trouxa de roupa lavada
Vem passando na porteira e deixa escancarada
Entrega a roupa cheirosa, passa pela porteira de novo,
Deixando agora fechada
A casa é da vitalina, que anda desengonçada
Doida por um casamento, corre atrás da rapazeada
Pensando: "Um dia quem sabe, estarei eu casada!"
Êta Nordeste parada!