Pomar 
Por carlos Sena


MELANCIA corada,
trincheiras avermelhadas dos seus gumes,
soldados que nelas escondem sem brigas
nem ciúmes. 
Do céu da boca LARANJA doce me beija
e, qual mimo de festa
me faz arcaAnjo para as horas mortas indigestas.
ABACAXI de miolo doce,
casca grossa lhe esconde mel...
Sonho de criança,
bola de gude, papagaio e carrossel. 
Sai de mim, oh solidão! 
Sai por mim, sai por ti:
SAPOTI que a vida adoça 
e que dá nó nas voltas do coração. 
Há raiva escondida 
na mama fria da mulher abandonada,
UVA roxa em forma de PASSA,
MAMÃO viril que homem não descasca...
Passando o tempo a ferro,
fria é a vida distantes do ton azul...
CAJU doce que não mata a fome
semelhante aos homens de dizer não me canso:
todo CAJU doce sempre tem um ranço. 
Jogo a vida e jogo bola,
caramba e CARAMBOLA,
agravando a vida
ao som do cravo e da GRAVIOLA.