A FLOR DO SERTÃO
O sertão me chama
e eu escuto, emudecida,
no chão rachado pelo sol,
na seca que não sara a ferida.
A caatinga é cinza
da cor dos olhos da donzela,
mas nessa seca há maus presságios.
Apesar de ser tão linda
quanto os olhos dela!
É uma beleza que dói.
As esperanças do sertanejo consome.
Mas ainda nascem flores no sertão.
Flores de açucena...nos troncos da palma.
Mas que não sacia a fome!
E nas noites puras,
enquanto o nambu canta na caatinga,
nas redes os amantes se amam com pressa!
Esquecidos das incertezas dessa vida dolorida...