MOMENTOS (Florescência) Almoço no "Rancho dos Pessoa"
Almoço No Rancho “DOS PESSOA”
Fila Sabino
Sobre a mesa o segredo que pintara de vermelho sua língua na castanha do pequi
E o sabor da nobreza à milanesa no ardor da realeza da pimenta malagueta
Sem etiqueta a gente abre o apetite com uma pinga de alambique degustada numa cuia
E simplesmente tira o gosto na cozinha com uma coxa de galinha pescoço pelado ou sura
Recende o cheiro do pirão açafranado de surubim ou de dourado escaldado ali na hora
E a carne assada acompanhada de mandioca e uma sopeira de paçoca dão logo água na boca
Na caçarola pondo regalo no olho o pardo nobre do molho de galinha à cabidela
Ainda na trempe feito um quadro de Da Vinci chiantes ovos estrelados são pequenos sóis vazados desenhados na tigela
Sentando à mesa você faz “Pelo Sinal” sentindo o cheiro do alho amassado no feijão
E o carreteiro fumegante na gamela mais parece uma tela de um plantio de algodão
Sem perceber diante de tanta fartura você perde a compostura enchendo o prato até a beira
E o consome sem ter pressa como deve enquanto o aroma diz que ferve café na chocolateira
Refestelado deixa a mesa enfastiado levando o gosto encantado dum naco de rapadura
...ou com um aperto agridoce no palato do sabor mágico e exato do suco de acerola
Lá na varanda esperando preguiçosa uma rede bem dengosa pra madorna roncadeira
Que lhe embala nos acordes da sonata de uma cascata de prata soprados da cachoeira
Quando desperta ouvindo o canto do anu branco não causa nenhum espanto o alvoroço do churrasco esfumaçando em espiral
Nem a voz rouca e marcante do “CleuBão”, (‘Cleubão’ não, “CleubÓtimo”), que ao lhe ver já arma o bote prum abraço aconchegante, com um sorriso largo e vibrante e o grito esbravejante de: “Ôoooooooo A N I M A A A L L L ... !”
E assim, como se fosse fantasia, a gente curte a alegria de um lugar mágico e real...
Tranquila e morna a noite chega estrelada e a lua enamorada prateia nossos sorrisos
Num último gesto de grata felicidade pra quem viveu uma tarde de sonho num paraíso!