HOMO CACTUS

Sou um cardeiro de asa,

Uma planta desfolhada,

Com raiz atada ao chão.

Tenho caule feito brasa,

De rama encarquilhada

E espinhos de proteção.

O meu leito é cova-rasa;

Sorvo seiva na alvorada;

Lanço flores na estação.

Fiz na pedra firme casa;

Cedo fruto à passarada;

Canto a vida sem refrão.

Na seca que tudo arrasa,

Sou criatura arretada:

Homem-cacto do sertão.

Eliton Meneses
Enviado por Eliton Meneses em 19/07/2014
Reeditado em 20/11/2014
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