Ao meu sertanejo
Meu sertanejo faminto
Eu descrevo teu recinto
Com muita sinceridade
Tu também és meu irmão
Eu canto de coração
A tua infelicidade
És vítima do poder
Padeces até morrer
Da rude manumissão
Ninguém, olha o teu martírio
Vais de delírio em delírio
Morrendo de inanição
O teu eterno padecer
Faz o poeta dizer
Tudo quanto tem vontade
Eu semelhante a ti
Eu só descrevo o que vi
Na tôsca sociedade
Tu não gozas de benesses
Entretanto em tuas preces
Há bastante imprecação
Tu clamas a Deus divino
O teu sofrer campesino
A tua manumissão
És escravo do burguês
Porém tua placidez
Te mantém muito feliz
Como tosco proletário
És presa do mercenário
Que rouba nosso país
No teu reduto modesto
O prefeito desonesto
Te nega o maior repasto
Porém tu como devoto
Emprestas sempre o teu voto
Ao político nefasto
Finalmente disputas
As mais deslumbrantes lutas
Em nome da tua glória
És patriota fadado
Embora menosprezado
Pela nossa vil história.