Ao meu sertanejo

Meu sertanejo faminto

Eu descrevo teu recinto

Com muita sinceridade

Tu também és meu irmão

Eu canto de coração

A tua infelicidade

És vítima do poder

Padeces até morrer

Da rude manumissão

Ninguém, olha o teu martírio

Vais de delírio em delírio

Morrendo de inanição

O teu eterno padecer

Faz o poeta dizer

Tudo quanto tem vontade

Eu semelhante a ti

Eu só descrevo o que vi

Na tôsca sociedade

Tu não gozas de benesses

Entretanto em tuas preces

Há bastante imprecação

Tu clamas a Deus divino

O teu sofrer campesino

A tua manumissão

És escravo do burguês

Porém tua placidez

Te mantém muito feliz

Como tosco proletário

És presa do mercenário

Que rouba nosso país

No teu reduto modesto

O prefeito desonesto

Te nega o maior repasto

Porém tu como devoto

Emprestas sempre o teu voto

Ao político nefasto

Finalmente disputas

As mais deslumbrantes lutas

Em nome da tua glória

És patriota fadado

Embora menosprezado

Pela nossa vil história.

Poeta Agostinho
Enviado por Poeta Agostinho em 02/07/2014
Código do texto: T4866665
Classificação de conteúdo: seguro