Morena
No silêncio da madrugada
Lembrando da prenda amada
Que preencheu meu coração
Eu pego a chaleira preta
Que aquece no fogo de chão
Largo a água fumacenta e tomo meu chimarrão.
Sozinho neste meu pago
Debaixo do frio do sereno
Sinto o calor dos lábios
De seu lindo rosto moreno
Abro então meu guarda roupa
Vejo a pilcha pendurada
Visto e saio em disparada
Nem sinto o tempo galopar
Pego o cavalo encilhado
E saio cortando os campos
Feito terneiro desgarrado.
Voa cavalo voa
Corta os campos, voa nas trilhas
Que pra ver minha morena
Serão longas coxilhas
Meu companheiro alazão
Parece entender minha urgência
Que na minha triste vivência
Convivi com a solidão
Até encontrar minha prenda
Que a menos que se arrependa
É dona da minha querência
É dona de meu coração!