A jangada do Ceará e os mares bravios
Jangada “changadam", progênie asiática
E suas velas encorajadas, destemidas
Retranca latina que navega à milhas
Sob condução do leme, tem bordos e cavilhas
Pelas ondulantes intempéries do mar
Encara o vento aracatí sob a pressão do ar
Veleja pelejando sobre ondas nervosas
Enfrentando riscos na corrente oceânica
Porto flutuante estacionado à âncora
Jangada do guerreiro pescador
E da vela côncava que eleva
À visão convexa do amor
Patrimônio das praias do Nordeste brasileiro
Desliza operante em busca do pescado
Por entre tempestades e curvas jeitosas
Depois da areia, avizinha-se à sereia
Embarcação imponente, triunfante
Jangadeiros fortes, profissão pujante
Arquitetada com paus mimbura (Tupi)
Majestosa obra artesanal, com rede, anzol e caçuá
Emprega o colono e é servente turística no Ceará
Elegante, emadeirada, vante, guiada pelo proeiro
Junto à mediania, há roliços paus de meios
Para navegar pela extensão oceanográfica sob balanceios
Jangadinha que viaja tranquila e sozinha
Vai e regressa com a tua magia
Armazena sabores náuticos no bojudo samburá
Com o barlavento dos sonhos, chega primeiro
Alçando voo livre pela superfície continental
Trazendo o peixe do mar, temperado de sal
Jangada que se integra ao isolamento
Na costeira cearense, por vezes adormecida
Vai à solidão da imensidão dos oceanos
Com redes elegantes, geometria estendida à ventania
Tremula o vosso brioso pano-bandeira
Enrubescido, branco ou multicolorido
Intimista, refugia-se ao longe no litoral
Enfrentando as marés e o temporal
Ao luar, refresca-se, ao dia, bronzeia-se pelo sol
Do banco do mestre, ao topo do mastro, viço e emoções
Sob sol, chuva ou trovoada, superando os desafios
Pelas águas turbulentas dos verdes mares bravios