AQUARELA DE VERÃO
AQUARELA DE VERÃO LEOPOLDINENSE
(José Antônio Gama de Souza-Balzac)
Escorrem prateados pelas escuras rochas milenares
Restos de um quase dilúvio.
Os raios de sol refletidos na água que mansamente desliza
Em contraste com o breu das pedras do morro do Cruzeiro
O verde iluminado e em algumas partes levemente sombreado
O céu azul, surpreendentemente azul
As nuvens brancas, tranqüilizantemente brancas,
Lindamente brancas, esparsas, leves, alegres...
Decoram o límpido horizonte e inspiram esperança.
Arte divina expressada numa tela,
Deslumbrante e natural aquarela!
Que beleza! Parou de chover.
Que seja; uma trégua...
Penso haver por toda parte um suspiro aliviado
De todos os prejudicados pela rudeza do tempo
Eu estou emocionado!
Vejo incrustadas no seio da verde serra
As casinhas da Pedra Pinguda
É poético!
Uma poesia triste...
Mas talvez por isto esteja assim tão bela
Triste por ser bela e bela por ser triste!
Talvez em outra situação não fora este panorama
Assim tão belo e tão triste.
Que hoje mais não chova!
Que pelo menos anoiteça sem chover!
Para que, quem pode,
Saia para tomar um sorvete
Fazer compras no supermercado
Fazer suas rotineiras caminhadas
Ou simplesmente encontrar-se com os amigos
Para conversar, que seja, sobre o caos.
E para que, quem não pode,
Limpe sua casa, tire o barro, junte os cacos
Chore as perdas, agradeça por sobreviver
E que pelo menos extraia desta energia
Que ora contemplo extasiado,
Forças para recomeçar e vencer!
Leopoldina, MG, 17 de janeiro de 2007 (18:30 h. de verão)