Secas nuvens no teto do sertão
É a terra sem teto, é o tédio na gleba
Sem nuvens, não tem teto na terra
Com a secura do chão, a pedra virou carvão
Sertão sem chuva, não tem teto, não
O clima é árido, e por natureza, abrasado
Onde a chuva não cai, o nativo, lógico, logo sai
O calo tem a mão com suor derramado ao chão
Dessa mão, o calo não desmancha, não
Moveu não, morreu, debaixo do Juazeiro
Deitou ao chão, o magro gado do sertão
O rio fica longe e o açude secou
De uma rica Nação sem transposição
As dificuldades nem aparecem depois
Porque lá já estão, e a fome fica, sem arroz
Mais um ano e não choveu, e o governo ainda ignora
O governante é burguês, o sentimento demora
A noite fica suavizada com a frieza da lua
Precisam apenas despencarem, as nuvens lá do céu
Luz não falta, tem sol, e fertilidade quando a chuva vem
Pra não continuar cruel, o povo diz amém
No quintal, canteiro plantado com amor, pimenta e flor
No pasto resta um pouco de água barrenta que sobrou
Pessoas e animais com precisão, sede e pressa
Não se pode neste século, aceitar muita conversa
A metade torna-se tudo, não fosse a fé prometida
Esperança e chuva provirão, numa terra padecida
Força e coragem traduzem o lema e tudo pode acontecer
Nuvens no sertão, é um teto que ao chão, precisa descer