GEADA
Depois de faltar por anos
Voltou pro campo a geada
Numa folga do minuano
Branqueia longas distâncias
As coxilhas congelando
A bicharada toda quieta
Um friozito vai entrando
Na parede cheia de frestas
Aguardando que o sol esquente
Gole em gole sorvo o chimarrão
Me sinto um pouco mais gente
Encolhido com a cuia na mão
O amigo poncho companheiro
Da velha e gasta boina de lã
No fogão lenha para o braseiro
Esquentando a fria manhã
Mas que frio que nada
A lida não pode esperar
Tenho que tratar a porcada
E muito leite para tirar
Quebrando a fria geada
O sol que a tudo da vida
Ameniza a empreitada
Aliviando esta dura lida
Logo toda a alvura se ergue
Volta o verde na imensidão
A noite a friagem prossegue
Traveste de gelo a escuridão
Retorno pra beira do fogo
Aguardando o sono chegar
Que o tempo esquente logo
Antes que tudo vá congelar