GEADA

Depois de faltar por anos

Voltou pro campo a geada

Numa folga do minuano

Branqueia longas distâncias

As coxilhas congelando

A bicharada toda quieta

Um friozito vai entrando

Na parede cheia de frestas

Aguardando que o sol esquente

Gole em gole sorvo o chimarrão

Me sinto um pouco mais gente

Encolhido com a cuia na mão

O amigo poncho companheiro

Da velha e gasta boina de lã

No fogão lenha para o braseiro

Esquentando a fria manhã

Mas que frio que nada

A lida não pode esperar

Tenho que tratar a porcada

E muito leite para tirar

Quebrando a fria geada

O sol que a tudo da vida

Ameniza a empreitada

Aliviando esta dura lida

Logo toda a alvura se ergue

Volta o verde na imensidão

A noite a friagem prossegue

Traveste de gelo a escuridão

Retorno pra beira do fogo

Aguardando o sono chegar

Que o tempo esquente logo

Antes que tudo vá congelar

Dante Trindade
Enviado por Dante Trindade em 26/07/2013
Código do texto: T4405765
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