TROPEIRO DE ILUSÕES
Toca o berrante,
tropeiro de sombras,
que o canto corta o céu!
No estirar do laço
lança teu destino
estouro de boiada,
lépido tropel...
Toca o berrante,
tropeiro de sombras,
que o canto corta o céu!
No romper da aurora
segue tua sina,
o dever te anima
descubra teu campo.
Já morreu o zaino,
ficou o chanfalho
e, no cantar do galo
o teu canto é pranto.
Toca o berrante,
tropeiro de sombras,
que o canto corta o céu!
Foi peão de estância,
tordilho de má sorte
cabresteia a morte,
cria de satã.
Na bruma da noite,
sopra o minuano
traz tua esperança,
sonho no amanhã.
Toca o berrante,
tropeiro de sombras,
que teu canto...
é pranto!!!
(Edna Lautert - poesia sertaneja editada na obra Letras Contemporâneas II, em outubro de 1999, pela Igaçaba Produções Culturais - Coletânea de escritores convidados).