TAPERA
Silhueta negra,
na verde planície,
apareceu na minha frente,
como sombra doente,
testemunha da intempérie,
uma triste tapera.
Quanta tristeza senti
ao contemplar os despojos,
outrora cheios de vida,
onde uma criança dormida
agasalhada entre ponchos
do passado, percebi.
Mas era só ilusão,
tal qual aquelas vozes,
aquelas risadas
daquelas mulheres amadas
por aqueles gaúchos audazes
que tiveram a missão.
Velha tapera esquecida,
já não cheiras a roupa limpa,
a chimarrão, a mulher,
não voltarás a reviver,
pequeno oásis do pampa.
E nele continuarás...
Sem vida.
Setembro, 24, 1985.
Porto Alegre.