Navegando no são Francisco

- Não te preocupes, garoto!

Não te preocupes, meu filho.

Que as ondas do rio que vem,

as mesmas do tempo antigo,

serão as ondas que irão

estar pra sempre comigo!-

-Mas vovô, vem uma tormenta

e o rio pressente o perigo

as ondas que cá se remexem

soam como um sinal de aviso!-

- E não foi assim sempre?

Quando as águas se agitam

precisamos cautela, não medo

daquilo que não vimos ainda.

Ali na frente há uma curva

e do outro lado uma ilha,

as águas turvas nos empurram

melhor, nos embalam consigo.

Já, já avistaremos o porto

que está nas margens do rio. -

- Esta viagem é de dúvidas,

por que querer tanto perigo?

Por que não a estrada reta

sem tantas curvas no caminho?

- Porque a vida é assim mesmo.

Se não nos jogarmos aos riscos,

às flutuações e correntezas

perderemos a chegada e a saida

o durante é agora, o depois não mais.

Viver assim é muito triste!

Este rio enfrente pedras, vales...

ele cai de vez em quando, o rio

é um caminho que se refaz

todo dia ao longo do caminho.

E assim se foram o velho e o moço

navegando no São Francisco.