Sertanejando
“Rapadurizar” “cachaceando” no Sertão
Assentado num tamborete de amburana
Depois vai montado, pisando em estribos
Campear, cavaleando, o “vaqueirão”
O agricultor com o juízo ajumentado
Também vai por longa estrada ligeira
Mas na região lombar
De uma égua troteira
Com arreios e cordas de sisal
Gibão é a vestimenta, e munido todo
Um alfanje, um balaio, um facão afiado
São alimentáveis aos animais
Àquilo que precisa ser decepado
As espinhelas então ficam, de talo nu
Do imponente “mandacaruzeiro”
O Cereus Jamacaru
A “sombrarização” “juazeirada”
Reduz a ação escaldante, muito quente
Que faz o suor escorregar feito serpente
E o “bebimento” é sedento
Com água adocicada de cacimba
Ou da reserva de açude, salobra
Através de uma boa “tragaça”
Na boca do pote ou da cabaça
Segue adiante o camponês
Simplório e remoendo feio
Feito boca de bode
Com “mastigamentos” de castanhas
Depois de comer também, carne de frutas
Das maduras, "de vez", secas ou molhadas
Abandejadas em salada
Com cheiro e sabor da frutificação “acajuzada”
Sulcando o terral fecundo lavrado
Com “calejamentos” epidérmicos sentidos
Tendo os pés enlameados, simples e sem percalço
Ainda cheio de carrapichos “apregados” na calça
Sob a luz do sol acalorando a abóbada do crânio
Do imenso em humildades, produtor rural
Que produz para saciar a sede e a “fomiação”,
A “fulô”, o algodão, o pão, a pimenta e o sal
Nessa região difícil, não é fácil ser sertanista
Os costumes, lógico, são diferentes
Ninguém mais do que esse povo do sol,
Pra saber sertanejar, “trabaiá”, "cantá", "vê" e "senti"
Que ressai com uma linguagem peculiar
Sertão, fonte rica de histórias, e das necessidades
Onde o vaqueiro tem sobrevivência aguerrida
Com uma exemplar lógica de vida
No Sertão, o gado enfadado, não é gato
Pra, quentemente e de sede
Demorado ficar e de banho não gostar
O rebanho afligido, sofre
Pouco engole, e logicamente, ainda descome
Sumiu com fome, “nordestinado”
Mas Deus assim o fez,
A ser predestinado