Cemitério
Ventania devassando copas
abana as angústias da vila,
na passagem da morte pedestre.
Uiva no íntimo do cemitério
dolência para a plateia de túmulos:
— quão rasa, a embocadura das covas
caladas, adormecidas, em filas.
Estremecem eternas cismas
por horas a fio — novas.
Lá, a brisa constrói seu mistério
preso nos galhos do cipreste,
na extravagância desses cúmulos.
E mora só, no seu uivar agreste,
num murmúrio que comprova
a poeira cúmplice, o afeto da terra:
— Quanta dor se enterra,
depois chora lá em cima.