Jatobá
"E... do rancho se espreita:
O bailar de suas folhagens
O crepitar de seus galhos
O ecoar dos ventos quentes e secos que sopram por lá."
— José Mauro Candido Mendes – "O Pé de Jatobá".
O bailar de suas folhagens
O crepitar de seus galhos
O ecoar dos ventos quentes e secos que sopram por lá."
— José Mauro Candido Mendes – "O Pé de Jatobá".
Deslumbrado, como que reinventa
a história no galho, quando venta.
Imponente, a ver de cima, no exame,
lá, a divisa, o espigão
preso nos espinhos do arame,
no esticador e na estaca lavrada.
Onde some a terra além da lombada,
adeus de cada sol quando entra
e pinta o céu vermelho de sangue.
— Madeira teimosa,
majestoso jatobá:
reflorescer de prosas
esmaecidas dali para cá.
Longe, mutirão e derrubada.
Foice, lasca, água de cabaça.
Cai janeiro, setembro passa:
plantio, safra, paiol e palhada.
Cruzamento de mato e pasto.
Mudança. Abrigos. Beira de rio.
Caminho, terreiro, morador gentil,
todo o sortimento vasto.
Mira de cima, jatobá, à frente,
labuta dum embrião cidade,
casebres e merejo de gente.
Igreja, o relógio do alto
e telhados de prosperidade.
A trilha de máquinas, o canavial
e nova geração, o asfalto.
— Vigoroso jatobá, madeira viva,
o tronco de dores, a divisa.
O progresso, cupim e traça:
mágoa na casca, corrosiva,
rói jatobá no veio da raça.
Quando revê a pessoa encanecida,
amplia o riso de sombras na praça,
vira menino como que me abraça.