Andanças

Meu nome não rima com covardia

Meus pais me ensinaram a ser forte

Sou feita de barro e curtida no aço

Não temo a dor e nem a morte

Se a morte não temo, muito menos o amar

Quem teme, não se resguarda

Apenas vive triste a vagar

Macambuzia, sorumbática, nem gosto de falar

Vaga feito um condenado

Largado sem ter onde ficar

Sem carinho, cama e comida

Vive vazio a lamentar

Pobre diabo esse

Que por medo vive a esconder

as dores provocadas nos outros

é o que alimenta mas também o faz morrer

Eu sigo meu caminho

sem remorso no coração

nele só carrego as lembranças

dos amores que tive então

Foram muitos e incontáveis

tais como as estrelas no céu

Francisco, Carlos, Raimundo

Ricardo, esse fazia cordel

Paulo quase vira papa,

Manoel usava chapéu,

Luís pitava e bebia cachaça,

morreu, danou-se!

Deus o tenha no céu!

Gustavo tinha nome de doutor

beijava bem, o danado

casou com Maria Isabel

e foi traído, podre coitado

De todos os amores que tive

nenhum dá pra comparar

com Antonio nordestino

esse sabia amar

Me tratava como uma flor

delicado no trato e falar

era macho com certeza

e nada me deixou faltar

Foram muitas as andanças

delas me recordo bem

Lágrimas, risos e danças

Entristeci , mas fui feliz também

Pra quem vive nesse mundo

E nunca teve a quem amar

Presta atenção no que falo

Pra depois não lamentar

Só quem vive e se arrisca

na vida tem o que contar

Amar às vezes é doído

e muitas vezes nos faz chorar

Mas até chorar é gostoso

quando se tem alguém do lado

tudo fica colorido, branco, azul e encarnado

quando os corações se encontram,

amar é bom que é danado!

17/09/10

Elô Araújo
Enviado por Elô Araújo em 05/04/2013
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