formatura
Para Jerônimo Gabriel Moreira,
meu avô e pioneiro do sertão.
Cortinas que desvendam aquarelas incríveis.
A mata raleia com grosso tronco
no estrondo do tempo, o tombo.
Ossos de galhos partidos,
a decepa, a destoca, o rombo.
Repercutem nas vísceras e nas raízes
gemidos sovados, longos.
Os braços, a ferramenta, o encargo.
O desejo e o suor definem a geografia,
tão enfurecidos na prenhez do sol,
alegres de morarem como o rouxinol
livre em campo largo.
Caieira crema e põe brasa em carvão.
Madeira estala no borralho.
Crença e nuvem e trovão
entornam choros no cascalho.
Chove uma jura de arroz e feijão.
Esterco. Água. Broto. Esperança.
Chão regado. E aragem fresca, mansa,
põe o beijo no dedo da aliança
e perfuma riso novo de criança.
— Meu avô atulhou os filhos e a comida
e proveu os fundamentos da vida.