PRECE
Dê-me uma gota,
Aqui bem no meu rosto,
Fria, suave e pura,
Rolando pela testa nua.
Dê-me alguns pingos,
Dourados, cilíndricos, leves,
Encharcando meus cabelos sujos,
E esta terra tão estéril.
Dê-me um trovão atroz,
Rasgado, forte, retumbante,
Explodindo esse céu escuro,
Arrepiando minh'alma pagã.
Dê-me um raio fulgurante,
Elétrico, faiscante, fúlgido,
Riscando a noite mórbida,
Queimando meus olhos de insônia.
Dê-me uma esperança viva,
A fé, o ânimo, o alento,
Pois, essa seca inclemente,
Estorricou até meu coração.