Incelença Matuta.
Por Carlos Sena


 
Meu são José dá-me licença
Para meu peito lavar
Viemos pra te adorar
Mande a chuva pra nois plantá.
 
Meu são José peço clemencia
A terra tá seca de esturricar:
Com ele esturrica a esperança
Com ela esturrica a fé
Com ela nem mesmo sei
Se não seca minha mulé.
 
Meu são José dá-me licença
Peço clemença pá Jesus tu cutucá
Cutuca lá em cima São Pedo
E a quem mais santo quisé.
 
Cutuca santo macho e santa muié
Se gay santo também tiver
tu pode lhe cutucá
A seca daqui de baixo tá lasqueira
Que qualquer milagre cor de rosa
Também pode nos salvar.
 
Meu São José dá-me licença
Que o gado morto agora vou enterrar
A poeira enterra o milho
A vida seca encerra meu filho
Que agora vou sepultar
 
São José vou dizer:
São Lula disse e não cumpriu
Que a as águas do São Francisco
iam fazer do sertão grande rio...
 
Agora tudo que temo tá seco
Menos a fé que não nos cala o bico
Quem sabe, senhor São José,
Se não temos que apelar
Ao santo Papa Francisco?
 
 
 
Assim Senhor São José
Nem sei mais se tenho fé:
 
La fora não tem verde
Lá dentro só tem sede
 
Lá fora o gado morre
Lá dentro o filho dorme
 
Lá fora nem sinal da asa branca
Lá dentro o destino espanca
 
Lá fora uma incelença se ouve
Lá dentro a crença dissolve devagar...
 
São Luiz! ah Seu Luiz,
Vem do céu nos consolar:
Brasília se ri de nóis
Nem mais verde tem o aveloz...
Vem ao menos sanfonar.
 
Brasília se ri de nós
De nós, muito politico também se ri
Siri não se ri de nóis
Nem asa branca de nós se ri
Se ri de nós os da putada
Da putada se rindo deles  tô...
São José dá-me licença
Com sua bença eu já me vou...