FOLCLORE
Passa o catopê,
Negrinho suado,
Sapato furado,
Camisa de chita.
Bate no pandeiro,
Canta a sua fome,
Não tem sobrenome,
Deve ser mais um João.
Passa a princesinha,
Toda perfumada,
Linda, paramentada,
Com roupas de cetim.
Sorri para o fotógrafo,
Não sabe dançar,
Segue só desfilando,
Pois, não pode se sujar.
E, assim, meus olhos fitam,
O paradoxo à minha frente,
Os catopês, sujos e fétidos,
Alegrando a toda gente.
Bem atrás, seguem os burgueses,
E suas poses estudadas,
Não cantam, não dança, não suam,
Não se misturam com a caboclada.