FOLCLORE

Passa o catopê,

Negrinho suado,

Sapato furado,

Camisa de chita.

Bate no pandeiro,

Canta a sua fome,

Não tem sobrenome,

Deve ser mais um João.

Passa a princesinha,

Toda perfumada,

Linda, paramentada,

Com roupas de cetim.

Sorri para o fotógrafo,

Não sabe dançar,

Segue só desfilando,

Pois, não pode se sujar.

E, assim, meus olhos fitam,

O paradoxo à minha frente,

Os catopês, sujos e fétidos,

Alegrando a toda gente.

Bem atrás, seguem os burgueses,

E suas poses estudadas,

Não cantam, não dança, não suam,

Não se misturam com a caboclada.

GESSIMAR GOMES
Enviado por GESSIMAR GOMES em 20/03/2013
Código do texto: T4199577
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