Leiteiro


 
As manhãs chegam numa greta.
Colchão de palha. Nó. Ruído.
Fogo e cheiro de café moído,
bule esmaltado, chaleira preta.

 
Cada manhã surge de botina.
Orvalho. Friagem. Rês parida.
Garrafão de leite já de saída.
Um rasgo de sol na campina.

 
O sol pega a manhã e estoura
suas sombras, caminhos, chão.
Dentro, sulca sonho aprendiz.

 
 
Veste na manhã clara de anis
o uniforme, tendo pela mão
vazilhame, o leite da professora.


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Vida Pega

Vida de giz,
riscada no simples sem apelação.
Vida conhecida, vivida,
experimentada, vida pega nas manhãs claras de leite,
ruidosas de colchão de palha,
simples como vida que conheço de cor
sem atropelos.
Vidas de gretas, de autenticidades
floridas do coração.

                               (Arana do Cerrado - Interação)

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Saudação


Manhã espreguiçada no esmalte das louças,
no aroma do café fervido
passeando pela casa...
A freguesia do leite que chega até a porta
como leiteiro gritando:
- Vai querer leite hoje?

Sombras se avolumam projetadas
na face oposta a que o sol ilumina.
Meu cabrito enjeitado
no terreiro me saúda balindo;
meu cachorro magro me saúda latindo.

É o dia que nos chega partindo!
Cena  linda, comovente passagem da bela hora
da aurora
até ser dia dentro da lembraça da escola.

                            (Francisco Cavalcante - Interação)