A BOIA DO LEAL NUM DOMINGO

Já meio-dia passado

E eu de fome graúda

Que açoiteira macanuda

Pra “desembestá” total

Já sem nada no bornal

Senti um bendito cheiro

Pensei: “Hoje tem carreteiro

Lá pras bandas do Leal”

Bueno, eu vou me achegar

Mas tem que ser bem no jeito

Pra não deixar contrafeito

O mestre-cuca afamado

Dei um toque disfarçado

Nas cercanias do rancho

Uma sondagem de “sancho”

Querendo mamar deitado

O Leal me atendeu

Por educação, um convite

Pealei bem o envite

Porem, banquei o sotreta

Não fui assim de veneta

Deixei correr mais a linha

Porque quem quer a boquinha

Tem que merecer a teta

O Mario estava na porta

Com relho e com garrucha

Ordinário, “a la pucha”

Que baita recepção

E já de faca na mão

Me apareceu o Leal

Um carreteiro bagual

Não tem preço de ocasião

O Rainieri via tudo

Num varejo de patrão

Tomando um vinho dos “bão”

E eu naquela sinuca

Enfiado nessa arapuca

Dei uma de “nem tô aí”

Sou carancho do Itaqui

Meu sinuelo é uma mutuca

Já que não tinha outro jeito

Até me trataram bem

E eu que andava sem vintém

Comi, bebi num alegrão

E cismei, na refeição,

Com uma fome de jiboia:

“Pra poder granjear uma boia,

A gente sofre um quinhão”.

Leal: o poeta José Machado Leal

Mario: o poeta Mario Cezar Castro

Rainieri: amigo em comum

Landro Oviedo
Enviado por Landro Oviedo em 09/03/2013
Reeditado em 23/08/2013
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