Fado carioca
Quando a tristeza em mim sufoca
Componho um fado quase lusitano
Mas com esse meu jeito carioca
Não consigo completar meus planos
A angústia, mãe do desespero provoca
Em minha alma de poeta suburbano
Os lampejos da arte que em mim toca
Meus mais sofridos desenganos
A dor que recebo em troca
Dos versos que choram puritanos
Enchem minha vida parca
Em dias de chuva, todos os anos
Meus versos tortos que a inspiração evoca
Soam maltrapilhos, rotos, profanos
Acabam em versos tipicamente cariocas
O que seria um fado lusitano...