Nas cordas do círio
Lá nas cordas da Berlinda,
Festejando a graça linda...
Uma mãe com rosto triste;
O tremor de suas pernas
Só traduz as preces ternas
D'uma mãe que não desiste.
A distância que separa
Santa e filha na luz clara...
É a graça tão querida;
Os seus lábios, já sedentos,
E os seus pés já tão sangrentos...
São as dores d'uma vida!
Carro dos milagres - lindo...
Carro em flor e Céu infindo...
Multidão em procissão.
D'entre a turba, tal beata -
A fitar a luz de prata
Que cobria todo o chão.
Lá nas cordas da Berlinda,
Festejando a graça linda...
Uma mãe com rosto triste;
O tremor de suas pernas
Só traduz as preces ternas
D'uma mãe que não desiste.
Essa mãe, num pranto forte...
Essa mãe, à luz do norte,
Caminhava pelos filhos!
Uma Mãe, lá da Berlinda,
Santa d'uma graça infinda,
Concedia os seus mil brilhos.
Duas mães num mar de lírio...
Duas mães ali no Círio...
Em locais tão diferentes!
Uma na Berlinda - em borda;
Outra com as mãos na corda...
Esta corda de presentes!
Muitos dizem ser a corda
Elo d'uma luz que acorda
Na paixão de nossos Círios...
Esta mãe, nas ruas vagas,
Foge de milhões de pragas...
Quando à corda dos martírios!
Fim do dia... Graças feitas?
Pés... Mãos em visões suspeitas...
Chega o fim da caminhada.
A mãe dos pedidos - rindo...
Mãe das mães, com manto lindo,
Cobre a filha ali prostrada!
Com seu manto tão divino,
Cobre o povo e seu destino...
Muitas preces em porfia...
Mãe das mães! Mãe de Jesus!
Nossa Mãe! Ah! Mãe da luz!
Nossa Santa e Mãe Maria...
Quantas guerras... Ela chora!
Numa dor que nos devora...
Mesmo assim não nos esquece!
Ela arranca do seu peito
O jasmim mais-que-perfeito...
Colhe a mãe e sua prece...
Dos seus olhos cristalinos,
Caem cristais mais-que-divinos...
Muitas graças em porfia!
Mãe das mães... Mãe de Jesus...
Mãe do povo! Mãe da luz...
Nossa Santa e Mãe Maria!
08/09/2012