EPÍLOGO

 *E eu, solitário, volto a face, e tremo,
Vendo o teu vulto que desaparece
Na extrema curva do caminho extremo.


— Olavo Bilac — Nel mezzo del camin... ,1888.

 
 

Na estradinha torta, indo ao longe,
onde prossigo lento e me carrego,
anda um menino (ele se esconde
em cada passo de um homem cego).
 

Presume-se um céu corroído onde
antes se pintava em azul o meu ego;
um céu tão baixo, que não responde
o anil imortal da ladainha que prego.

 
E nada mais há de aquarela adiante
a prolongar-me a estradinha restante:
nenhuma cantiga, após o céu, na curva.

 
E o menino dentro, sempre escondido,
leva um velho comigo, um desconhecido...
— Tão torto o céu sobre a estrada turva.






 * Onofre Ferreira do Prado,  poeta e exímio trovador recantista,
ao me fazer honrosa leitura mencionara o soneto clássico de Olavo Bilac.
Tal lisonja apressou-me destacar a epígrafe que ora valoriza
minha singela poesia.


 
Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 18/10/2012
Reeditado em 28/10/2012
Código do texto: T3939924
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