HERANÇA DE SANGUE

Passada a semana da pátria, aqui no Rio Grande

do Sul. Iniciamos as festividades Farroupilha ,

não com a intenção de comemorar o fato em si

que foi os impôstos exorbitantes cobrados pela

Corôa. Mas sim ; homenagem a coragem, bra-

vura, e destemor dos FARRAPOS. Homens que

defenderam este chão de Espanhóis, Castelhanos

e tambem do próprio Império. E punham a sua

HONRA acima de tudo. Numa guerra que foi a

mais longa e cruenta do Brasil, e durante 10 lon-

gos anos se debateram e fundaram 2 republicas

a Rio Grandense e a Juliana em Santa Catari -

na.

A ESTES HOMENS REEDITO MINHA HOMENAGEM

Acordado, relembro o sonho e me vejo no tempo passado .

Em meio a cruento combate ,

homens valente lutam com destemor e bravura .

De um lado soldados treinados do exercito imperial ,

do outro, homens simples criados nas rudezas do campo ,

sem ter tempo e saber o que é ser criança .

Seus corpos feridos por cortes profundos ,

não se abatem e nem se queixam .

Assim passam os dias em luta no corpo a corpo ,

quando a distância já não existe.

Cabeças decapitadas, braços decepados ,pernas arriadas,

e mesmo assim olhando esta desgraceira ,

estes homens altaneiros lutam com "gana" .

Sabem que cada um ali caido foi um amigo ,

e quem sabe muitas vezes as suas costas guardou ,

de ser transpassada por uma espada inimiga .

Parece-me ver no alto um comandante farrapo ,a gritar :

FORÇA PESSOAL,VAMOS BOTAR A CORRER OS IMPERIAIS .

Amontoam-se os corpos caidos ,

o tinir das espadas, o assovio das lanças no ar ,

a procura de uma carne a penetrar .

E mesmo assim, ninguem abandona o campo de luta ,

pois ali esta o valor mais alto ,

que um homem nesta terra pode ter :

"O ORGULHO DE SER DO SUL E DEFENDER ESTE CHÃO".

Eis que derrepente, sinto o líquido ,

viscoso e quente a empapar meu pala .

Não vi o golpe, mas senti o transpassar da lâmina .

Voltei-me rodopiando com a espada ,

que no pescoço do inimigo pegou .

Quiz andar, mas nenhum passo mais pude dar .

Finalmente tambem chegára minha hora .

Minha honra fôra lavrada ,

com a tinta vermelha de meu sangue .

Orgulhoso deixava a vida por saber que ,

a meus filhos e a outros filhos, uma terra ,

com justiça e retidão seria sua herança .

Assim num ultimo sopro de vida ,

ergo-me como homem altaneiro ,

levanto meu braço empunhando a espada .

Um silencio sepulcral derrepente se faz ,

e do fundo de minha garganta, numa voz gutural,

sai o grito tão temido pelos imperiais :

"VIVA A REPUBLICA RIOGRANDENSE" .

E assim, mais um anônimo se vai .