Lembrei-me de uma canção da terra .

.

Parti,

andei,

na estrada.

por um último instante

virei, e olhei.

Para aquela terra,

nunca mais,

voltarei, pensei.

Continuei,

a caminhada.

Passei pelas ruas.

Recordei.

Determinado, segui.

Aquela garota passou,

fitei.

Como a quiz em outros tempos,

lembrei.

Tinha ainda,

deixado um recado.

Mas não deixarei vestígios.

Rasguei,

e joguei.

Sem malas,

sem tralhas,

sem sonhos,

sem nada.

Cheguei ao fim da cidade,

agora, é a hora da verdade.

Irei começar minha partida,

Por esta vida infinita.

Lia jornais de cidade grande.

Soube de coisas apavorantes,

Que viviam como mutantes,

engradeados em seus andaimes.

Que morriam centenas ao dia,

não de morte morrida,

e sim de morte sofrida.

Esfaqueados,

assaltados,

torturados,

baleados.

E até crinças,

são arrastadas pelos carros.

Por um momento refleti:

O que irei fazer ali !?

Deixar minha terra castigada,

pra talvez morre de bala.

Pensei,

Lembrei-me de uma canção da terra.

cantei.

A letra era assim:

Não me deixe,

aqui que é felicidade,

aqui se ama de verdade,

aqui brincamos até mais tarde.

Nunca serei rico aqui,

eu sei !

Mas foi nesta terra que,

amei.

Cantei,

cantei,

cantei mais alto. Chorei.

Te amo minha terra, gritei.

Ao fim,

olhei pra minha cidadezinha,

e chorando disse :

voltei !

.