MILONGA PARA O DOUTOR RODRIGO CAMBARÁ
(PERSONAGEM IMORTAL DO ROMANCE "O TEMPO E O VENTO")

Homem do campo transplantado
Com matiz de erudição
Velho pampeiro, tufão
Varrendo a terra e seu tempo
Labareda de um momento
Da estirpe deste chão
Blau e coronel Falcão
Con los "gauchos" de Sarmiento
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Personagem imortal
Do Érico escritor
No peito tens um tambor
Tropel de cascos, audaz
Pois tu, igual Barrabás
Na cruz-mor da elegia
Foste o gozo e a agonia
Da liberdade fugaz
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Teu ideário quixotesco
À Pátria grande orvalhou
E 23 perenizou
Tua alma de chimango
Espora, sombreiro, mango
Irmãos de sangue apartados
Em 30, getulizados
Bailaram o mesmo tango
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Mulherengo e sedutor
Do bisavô capitão
Herdou a luz da paixão
E o entono de Sepé
Pagão com sua própria fé
Engenhou amor e arte
Campeando mimos nos catres
Das moças de Santa Fé

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Tua aura de vencedor
Ultrapassou o relato
E Don Pepe fez o retrato
No sobrado colonial
Onde teu porte imperial
Une futuro e passado
Um ciclo recém-chegado
Com o Rio Grande ancestral
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Legenda de Pátria e terra
Junto a centauros de lei
Toríbio, Fandango, tua grei
Parceiros do mesmo drama
E a morte, inovando a trama,
Ceifou, num suspiro baixo,
O primeiro Cambará macho
Na mortalha de uma cama
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Agora, Rodrigo, doutor
Esta homenagem singela
Em tom de humilde aquarela
A quem viveu destemido
Meu verso foi concebido
Para embalar tua glória
És fidalgo de uma história
Que te traz livre do olvido

      REFRÃO:
Os ventos pampas
Sem acalantos
Carregam prantos
De um sonho antigo
E a pobreza, quando tirita,
Teu nome grita:
"Doutor Rodrigo".

 

Landro Oviedo e João Sampaio
Enviado por Landro Oviedo em 11/03/2012
Reeditado em 11/03/2012
Código do texto: T3548408
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