MILONGA, MINHA MILONGA

Milonga, minha milonga
brotando como azevém
flor pampeana que engalana
tirana dor que me vem

Milonga, minha milonga
do fundo do corredor
onde o posteiro solito
canta desditas de amor

Milonga, minha milonga
da noite passada a esmo
quando o índio tem saudade
e rememora a si mesmo

Milonga, minha milonga
trilha sonora da raça
condestável nos fortins
e réquiem na vida escassa

Milonga, minha milonga
chirua das noites claras
que o vento leva e enleva
- coplas por entre as taquaras -

Milonga, minha milonga
dessas noitadas morrudas
quando meu povo se alegra
com coisa pouca e miúda

Milonga, minha milonga
da esperança puída
polindo o sol do desejo
de um dia cambiar de vida

Milonga, minha milonga
da ronda e das ventanias
da lichiguana do taura
que tropeou noites e dias

Milonga, minha milonga
dos olhos da prenda em flor
quando quem ama inflama
todo seu pago de amor

Milonga, minha milonga
brotando como azevém
flor pampeana que engalana
as dores que o mundo tem.



 
Landro Oviedo
Enviado por Landro Oviedo em 08/03/2012
Reeditado em 10/02/2018
Código do texto: T3541709
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