ELEGIA DOS AUSENTES

Quando o anjo das pelejas
cruza o Passo dos Mortais
a sua asa partida
desvoa entre os umbrais

Miles de gauchos se fueram
ponteando dores demais
as almas desempenaram
pela dança dos punhais

Querência subiu aos céus
em preces espirituais
saudades longas, eternas
incendeiam em espirais

Ficam ao derredor do pago
as auras dos comensais
que se nutrem das ausências
dessas noites invernais

A pampa semeia prantos
pelos filhos, pelos pais
e a procissão dos ausentes
pede vaga aos pajonais

É um regimento de andantes
montam velozes baguais
são Quixotes do Além
nessas paragens virtuais

E a Indesejada das Gentes
nas suas ceifas habituais
maneja os seus lanceiros
com seus caprichos venais

As noites se fazem amplas
para extraviados rituais
e as ânsias de outros mundos
se quebram como os cristais

Quando o anjo das derrotas
lança presságios fatais
se perdem asas e rumos
das existências gerais.
Landro Oviedo
Enviado por Landro Oviedo em 07/03/2012
Reeditado em 28/03/2018
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