SERTANEJAMENTE

Confira na íntegra o poema “Sertanejamente”. O autor é um tio meu.

http://www.youtube.com/watch?v=A2f5fgIfpoM

SERTANEJAMENTE

Autor: José Aluciano Martins de Souza (Delmiro Gouveia/AL)

Intérprete: Ivan Rodrigues (Paulo Afonso/BA)

Fito a paisagem grafite

E a aridez desse chão

Dessa terra em preto e branco

De valentia e encanto

Que aqui chamamos de Sertão

Na flora mandacarus

Xiquexiques e quipás

Na fauna os rastejantes

Calangos e emigrantes

Raposas e carcarás

Casebre de pau-a-pique

A cadela, a procissão

A enxada e o jumento

Labutam no meu quinhão

No crepúsculo da jornada

Lavo o rosto na bacia

Pensamentos esquisitos

Me chegam no fim do dia

No fogão de lenha, às vezes

Tem preá com rubacão

No pote a água salobra

Da cacimba no oitão

Estrelas vazam o breu

Como se o perfumasse

Sinto lágrimas teimosas

Nas rugas da minha face

Perco o sonho olhando a serra

Vejo a noite que se enterra

E o “Astro Maior” surgir

Nosso sol arde brilhante

E encandeia o governante

Que muda a vista daqui

E cercado de beleza

Delírio e desilusão

Socializo a utopia

Que no meu peito alumia

Um viver sem gratidão.

José Aluciano Martins de Souza
Enviado por huggu em 25/02/2012
Reeditado em 23/05/2012
Código do texto: T3519662
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