O Cais
É o cais, é o caos
É o porto de Manaus
É o sOl, é a chuva
É a partida da viúva
É a solidão... É a saudade!
É tamanha a umidade
É velho, é criança
Uma mala por herança!
Tanta bagagem nunca é demais!
Brava figura, herói do cais
É o bom Cláudio, homem de paz!
A força bruta, a vida, a luta...
Não lhe é conduta pra ser fugaz
É um vai, é um vem, adeus meu bem
É um barulho ensurdecedor
É a partida do vapor
É espantoso, é tentador
É um perfeito complô
Foi-se um amigo. Chegou doutor!
É o azul, é o vermelho
É uma aquarela no espelho
É o recanto do espantalho
É o balanço do chocalho
É perigoso, é segredo
É a rota do rio Negro
É petulante, tamanho atraso
É o cúmulo do descaso...
É fera, é fogo, é a malícia do jogo
Eletrizante, original,
É um eterno arraial
É passional, é pelo avesso
É o velho endereço...
É a saída, é a chegada
É a servidão na madrugada
É o silêncio e o murmúrio
É um monte de entulho
Não tem concerto, mal de raiz
É o domínio da meretriz
É necessário, é vital
É o cais... É o caos
É o porto de Manaus.