Galpão

Galpão...

Templo quinchado p’ras inverneras da pampa

Pedaço de história , de tempos já esquecidos...

De homens que ali viveram, contaram causos,

Chimarrearam, e adormeceram pra vida.

Homens da lida, das coisas simples do pago...

Que do lombo de seus cavalos, fizeram nosso este chão.

Galpão...

Da picumã na “cunheira”...

Do fogo grande aonde o angico braseia

E a trempe de pernas longas, embala uma velha panela preta...

Sobre uma roda de carreta

Cuia e cambona repousam...

Parece que o tempo não passa

Neste terrunho cenário.

Ah! Meu galpão centenário...

Trincheira pra o minuano

Abrigo dos ovelheiros, da peonada pachola.

Recanto de brisa suave, nas soalheiras de janeiro...

Da figueira grande sombreando a porta

Como um poncho de asas negras

Num abraço fraternal.

Galpão do negro caseiro,

Morada de seus avós...

Dos que fizeram a mangueira

De pedra ali no canto, alicerçada a sangue e suor.

Dos gritos de dor e medo, nas horas mortas da noite,

Feitas por algum açoite de gente sem coração...

De almas que ainda vagueiam,

Clamando por liberdade.

Galpão de Pátria e saudade

De um Rio Grande que não morre

De tauras de almas rudes forjadas de terra e campo...

Lugar que se perpetua

P’ras gerações que hão de vir

P’ra que conheçam e cantem as coisas da nossa terra...

Enchendo o peito de orgulho

Por ter nascido gaúcho.