Floresta do Navio

Lá se vão, boi-boi-boi...

Por entre a mata da caatinga.

Quem diria, cana da Bahia!

E os bois descansaram onde hoje é meu leito.

Descancem na Fazenda Grande,

Lugar de oferenda ao Bom Jesus dos Aflitos,

Futuro Éden do sertão.

A Oeste, vê-se o rico e respeitoso Pajeú

Com suas águas calmas e despercebíveis.

Do seu lado, ó Riacho do Navio,

Não morrerás,

Sempre serás fênix!

Ao Sul, és tu, São Francisco.

Rio de respeito,

Rio de temor,

Rio de amor,

Rio de misericórdia.

Grande terra!

"Quem viver em Pernambuco

não há de estar enganado:

Que, ou há de ser Cavalcanti,

ou há de ser cavalgado." -Dizia a quadra.

Por baixo dos Tamarindos tornou-se livre.

Ó, cidade!

Que venham me fuzilar,

Mas morrerei aqui!

Que venham me sequestrar,

Mas que meu cativeiro seja aqui!

Que se aproveitem das suas luxúrias,

Roubem um ao outro.

Mas que a Justiça seja aqui!

Por baixo das caraibeiras é meu conforto.

Abraçado por elas, minha certeza.

Elas mostram, nós que não as vemos.

Elas gritam, nós que não as ouvimos.

Elas imploram, nós que não temos misericórdia.

Elas convidam, nós que não as conhecemos.

Elas se assustam, nós que não nos damos conta

De quão monstruosos somos.

Breno Leal
Enviado por Breno Leal em 06/01/2012
Reeditado em 19/03/2014
Código do texto: T3426617
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