Estuário

Baía de Santana, 2004.

Que enche

Que vaza

Que vaza

Que enche

Preparo

Barquinho

Na água

Corrente

O óleo

Boroca

A rede

A corda

O filho

Maré

Parada

Já morta

A força

Motor

Fumaça

Volante

Beirada

De rio

Galhada

Errante

Que vaza

Que vaza

Melhora

Corrida

E anda

No meio

No rio

A partida

“Tão grandi,

Tão rio

Só Deus

A criar...

E dormi

Meu fio

Depois

Pilotá”

Escuro

E venta

Do Norte

Soprar

O raio

Aviso

A chuva

Chegar

“E fecha

Janela

Num molha

A rede

E tira

Farinha

Do lado

Parede”

Pilota

Barquinho

Pro rumo

Beirada

A chuva

Que pega

“Relampa

Vistada”

O vento

Bem forte

Ma-re-sia!

Ma-re-sia!

A água

Porão

É va-si-lha

É va-si-lha

Ba-lan-ça!

Ba-lan-ça!

Pro rumo

Bei-ra-da

O bar-co

Ga-ran-te?

Aposto:

Que nada!

Piloto

Sabido

Que sabe

Rumar

Me faz

Diretinho

A boca

Calar

Ba-lan-ça

Ba-lan-ça

Chegou

Na beirada

“A corda

Aperta

No ramo

Galhada!

E Raio!

E Chuva!

Trovão!

Assobio!

Cadê

A coragem

De ficar

No Rio?

Molhados

O pai

A rede

O fio

“Te enxuga

Toalha

Escapa

Do frio.

E raio

E chuva

Afina

Afina

A nuvem

Estrela

Sozinha

Cortina

“Sumindo

A chuva

Já dá

Pra sair

E troca

Comigo

Eu vou

É dormir!

E corre

No rio

No meio

Nem tanto

E toma

Café

Pro sono

Espanto...”

E pronto

No porto

“Chegamo!”

Atracar

A força

Do homem

Só Deus

A criar...