ALMA SERTANEJA

Ouço vindo distante,
Em tom crescente no estradeiro
Morro abaixo, morro acima,
Almas viajantes, arfantes,
São os boiadeiros,
Espalhando suas rimas,
Suas cantigas mineiras,
Levantando sonhos e poeira,
Por entre as sendas
Do traçado sertanejo,
Vem diminuindo a marcha,
Entrando, apeando no lugarejo,
Numa euforia multiplicada,
Agradecidos por mais uma jornada,
Agora é tempo de descansar.
Seu Manuelzim da venda,
Vai pra esquina, se agita,
Levanta os braços e grita,
Pode vir, pode chegar,
Tem moda de viola, tem cachaça,
Tem mulher pra dançar,
E se quiser, pra amar...


- - - - - - - - - -

Esporeio o meu cavalo
cortando o sertão bravio
A Maria me espera
e também os nossos "fío"
Toco, enfim o meu berrante
Para avisar da chegada
deste cavaleiro errante
que vagueia pelas estradas...

(Milla Pereira)