O pote
Ando pelas ruas
Procurando um pote
Daqueles de barro cozido
Daqueles das feiras
Daqueles do agreste
Daqueles do gato no pote
Um pote bem vermelho
Bem redondo
Para uma água de chuva
Que o homem do tempo disse, no telejornal,
Que vai chegar
Meu avô não precisava do homem do tempo
Olhava para o céu e lia tudo
Chuva e seca
Brisa e temporal
Perdi-me em ignorâncias
E preciso do homem do tempo
Para me dizer da chuva
Que me trará a infância
De pés descalços e enlameados
Entre pingos e risos
Para guardá-la no pote
E degustá-la todos os dias
Em pequenos goles.