Retiro Grande
Terra dos campos, das matas de açaí,
que no inverno ficam ricas,
carregadas da fruta doce
que complementa o prato
de refeições daqui.
E, as máquinas não param
e remoem os caroços do açaí...
É como máquina
que o pescador trabalha,
mas o trabalho
nem sempre dá pra suprir.
É madrugada e ele se apronta pra sair
pega a rede, a tarrafa
e um pulsá pra garantir
um peixe que caia na rede
ou dentro do cacuri.
É aventura em risco de perder a vida
Quando se sabe que uma onça
anda solta por aí.
Mas, enquanto ela não surge,
ele pega a canoa e leva a matupiri
que ele pega na lagoa,
onde é fácil adquirir
essa isca que é tão boa
para os peixes atrair.
Basta ver o resultado
quando ele vem dali;
traz dourado, bagre, mandi,
piranambu, piaba, carataí...
muito peixe pra família consumir.
E, enquanto a “boia” "tá" no fogo,
ele descansa e aproveita pra dormir
e sonha com um peixe grande
que ele espera conseguir
na próxima madrugada
quando ele novamente for partir.
(PORTAL, Luciane de Souza.)
Esta poesia foi inspirada na vivência dos pescadores de Retiro Grande (Cachoeira do Arari – Marajó PA), baseada principalmente na rotina de meu pai (Pedro R. Portal), no objetivo de demonstrar o esforço e a coragem que tem um pescador quando resolve arriscar a própria vida para dar vida à sua família.
Vocabulário:
Tarrafa = Malha de pegar peixe
Pulsá = Instrumento pra retirar peixes de dentro do cacuri
Cacuri = Curral para aprisionar peixes
Matupiri = Peixe pequeno que serve como isca
Boia = Comida