CRUEL TRAIÇÃO
Desanimado com a brava seca do sertão
Deixei o meu roçado e a Mariazinha
Partir para a capitã de São Paulo
Em busca de uma mior sorte.
Lá trabaéi, ganhei dinheiro,
Mas um dia eu resolvi vortar
A saudade era grande
Eu vivia a chorar
Queria vê minha famia
E a Mariazinha abraçar.
Mas quando seu moço
No meu ranchinho cheguei
Vi, lá perto do paió
A Mariazinha deitada,
Agarradinha com outro
No maior xodó.
Perdi o rumo da vida
A Mariazinha tinha me traído,
Fiquei louco, desesperado,
Valente e atrevido.
Gritei com voz forte:
Mariazinha eu vortei!
Eu sou seu marido
E vancê é minha muié,
Juramos no pé do artar
Com muito amor e muita fé.
Mas a Mariazinha seu moço
Nem se quer prá mim olhava,
Faceira e sorridente
O cabra ela beijava.
Sentir naquela hora o cheiro da morte;
Da cintura puxei o meu facão,
Chorando matei os dois
Com sangue eu cortei o laço da traição.
Mas minha dor cresceu seu moço
E atravessou o meu coração,
Quando vi a Mariazinha morta
Nos braços do meu irmão.