ESTERCO



Dourei os melhor dos sonhos
sob céu hesitante e terreno bagual...
Sobre baba e bosta e mijo
Que acumula o gado de curral:
Madrugadas, e chuvas, e frio
E o ruminar de anos a fio...
– Leite, queijo, requeijão,
Manteiga, moeda, ilusão!


Eia, boi! Que tempo mais seco.
No clima que nos pomos
Fertilizar o sonho tão rijo,
Vê a lágrima misturada ao esterco
Sem qualquer regozijo.
Só nossa indigência final,
E ninguém para retocar os anos.


Poema integrante do livro "Junco do Quintal"

Milton Moreira
Enviado por Milton Moreira em 31/10/2011
Código do texto: T3308921
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