Eitha!... Meus cumpade, Minhas Cumade, Meus Cumpanherin...
Tem dia que começa compretamente deferente dos ôto. Hoje, por inzemplo, vigiano meus emêi, eu recebi um presente que, de tão bunito, de tão verdadêro, eu faço questão de mostrá procês tudo!
É um poema remetido pelo meu amigo, meu compadre e poeta Carlos Aires, nascido na cidade de Bezerros, no istado de Pernambuco, e que hoje mora em Carpina, no mesmo istado.
Esse poema fala com muita clareza e com muita criatividade, de uma coisa que bem poucos conseguiram descrever tão bem. Ele fala da Identidade Sertaneja.
Quer saber? Só Patativa do Assaré, pra fazê um trem tão bonito!
Antão, pra todos vocês, e ispecialmente pro Meu Cumpadre Carlos Aires, mais a esposa dele, Minha Comadre Júlia,
Sou Imagem do Sertão.
Autor: Carlos Aires
Autor: Carlos Aires
Moço, olhe esse meu jeito
De matuto grosseirão.
Me observando direito,
Vê a imagem do sertão.
Na minha pele tostada,
Na minha mão calejada,
No meu jeito de falar,
Eu trago a cara do mato!
Sou o perfeito retrato
Das coisas do meu lugar!
Carrego o jeito rasteiro
Das ramas do pé de umbu.
Sou o espinho de facheiro,
A flor do mandacaru.
Eu sou o pé de jurema,
O grito da seriema,
O canto do sabiá.
Sou raposa traiçoeira
Correndo na capoeira,
Pra ver se pega um preá.
Eu sou o olho que chora
O clamor da seca ingrata.
Assobio de caipora,
Lá nos aceiros da mata.
Sou a casca da umburana,
Sou o mel de jitirana,
Que a abelha tira da flor.
Sou o canário gabola
Que, preso numa gaiola,
Canta seu canto de dor.
Sou a piaba faminta
Que se ferrou no anzol.
Eu sou a lavoura extinta,
Com a quentura do sol.
Sou a coruja agourenta,
Sou acauã que lamenta,
Com seu grito de tristeza.
Eu sou o leito do rio
Completamente vazio,
Sem água pra correnteza!
Sou o carcará malvado
Que sobrevoa a baixada.
Sou o mocó assombrado,
Sou a caatinga pelada,
Sem ter sombra, água, ou pasto,
Sou o campo seco e vasto
Onde o boi sai procurando
Comida pra seu sustento;
Sem conseguir seu intento,
Cai e morre ali, penando!
Sou a fé do sertanejo
Que nunca perde a esperança.
Sou a tristeza que vejo
No olhar de uma criança.
Sou o pai que sente a mágoa,
Sou o barreiro sem água,
Sou a panela emborcada.
Sou a barriga vazia,
Sofrendo a triste agonia,
Por não ter comido nada!
Sou a abelha Cupira,
Que no cupim faz morada.
Sou folha de macambira,
Espinhenta, avermelhada.
Sou ramo de catingueira,
Espinho de quixabeira,
Sou fibra de caroá.
A água tão cobiçada,
Que se encontra acumulada
Nas folhas do gravatá.
Sou a nuvem carregada
Que traz chuva e alegria.
Sou o frio da madrugada,
A alvorada do dia,
Com os seus raios de ouro.
Sou forte tal qual um touro
Eu sou tudo isso moço!!
Crente e temente a Jesus.
Assim como “ZÉ DA LUZ”
Sou “Sertão em carne e osso”!
Sou o passado que passou,
Sou o futuro, que vem.
Mas, presente é o que mais sou,
Sem dever nada a ninguém.
Sob o mesmo céu azul,
Você, do centro ou do sul,
Cale a discriminação.
Pois veja bem, Sêo Minino,
Eu sou o tal Severino,
Nordestino, seu irmão!
Beleza de poema!
Qualquer comentário, aqui, seria desnecessário, porque o Poeta já disse tudo!
Eu quero dedicar esta página a todo e qualquer nordestino, seja ele de onde for, esteja ele onde estiver! A este povo bom do Nordeste, o meu respeito, o meu carinho e a minha amizade!
Quero agradecer e mandar o meu abraço fraterno para o Meu Compadre Carlos Aires, autor desta maravilha que vocês acabaram de ouvir, e também um abraço para a minha Comadre Júlia, lá em Carpina, no meu Agreste querido!
E procês tudo, fica o meu convite de todo dia: amanhã cês vórta! Ma vórta mês, porque amanhã... tem mais!
De matuto grosseirão.
Me observando direito,
Vê a imagem do sertão.
Na minha pele tostada,
Na minha mão calejada,
No meu jeito de falar,
Eu trago a cara do mato!
Sou o perfeito retrato
Das coisas do meu lugar!
Carrego o jeito rasteiro
Das ramas do pé de umbu.
Sou o espinho de facheiro,
A flor do mandacaru.
Eu sou o pé de jurema,
O grito da seriema,
O canto do sabiá.
Sou raposa traiçoeira
Correndo na capoeira,
Pra ver se pega um preá.
Eu sou o olho que chora
O clamor da seca ingrata.
Assobio de caipora,
Lá nos aceiros da mata.
Sou a casca da umburana,
Sou o mel de jitirana,
Que a abelha tira da flor.
Sou o canário gabola
Que, preso numa gaiola,
Canta seu canto de dor.
Sou a piaba faminta
Que se ferrou no anzol.
Eu sou a lavoura extinta,
Com a quentura do sol.
Sou a coruja agourenta,
Sou acauã que lamenta,
Com seu grito de tristeza.
Eu sou o leito do rio
Completamente vazio,
Sem água pra correnteza!
Sou o carcará malvado
Que sobrevoa a baixada.
Sou o mocó assombrado,
Sou a caatinga pelada,
Sem ter sombra, água, ou pasto,
Sou o campo seco e vasto
Onde o boi sai procurando
Comida pra seu sustento;
Sem conseguir seu intento,
Cai e morre ali, penando!
Sou a fé do sertanejo
Que nunca perde a esperança.
Sou a tristeza que vejo
No olhar de uma criança.
Sou o pai que sente a mágoa,
Sou o barreiro sem água,
Sou a panela emborcada.
Sou a barriga vazia,
Sofrendo a triste agonia,
Por não ter comido nada!
Sou a abelha Cupira,
Que no cupim faz morada.
Sou folha de macambira,
Espinhenta, avermelhada.
Sou ramo de catingueira,
Espinho de quixabeira,
Sou fibra de caroá.
A água tão cobiçada,
Que se encontra acumulada
Nas folhas do gravatá.
Sou a nuvem carregada
Que traz chuva e alegria.
Sou o frio da madrugada,
A alvorada do dia,
Com os seus raios de ouro.
Sou forte tal qual um touro
Eu sou tudo isso moço!!
Crente e temente a Jesus.
Assim como “ZÉ DA LUZ”
Sou “Sertão em carne e osso”!
Sou o passado que passou,
Sou o futuro, que vem.
Mas, presente é o que mais sou,
Sem dever nada a ninguém.
Sob o mesmo céu azul,
Você, do centro ou do sul,
Cale a discriminação.
Pois veja bem, Sêo Minino,
Eu sou o tal Severino,
Nordestino, seu irmão!
Beleza de poema!
Qualquer comentário, aqui, seria desnecessário, porque o Poeta já disse tudo!
Eu quero dedicar esta página a todo e qualquer nordestino, seja ele de onde for, esteja ele onde estiver! A este povo bom do Nordeste, o meu respeito, o meu carinho e a minha amizade!
Quero agradecer e mandar o meu abraço fraterno para o Meu Compadre Carlos Aires, autor desta maravilha que vocês acabaram de ouvir, e também um abraço para a minha Comadre Júlia, lá em Carpina, no meu Agreste querido!
E procês tudo, fica o meu convite de todo dia: amanhã cês vórta! Ma vórta mês, porque amanhã... tem mais!