Veras Estigmas
Olho para o centro
Das mãos da menina
E o sangue brota e o
Sangue da moça mina
Vejo em seu olhar uma
Inútil esperança brilhar
Ela implora para ela, ela
Esperança ficar um, um
Minuto a mais. Mas sua
Fé logo vai girar bolsinha
Na esquina. E nesse vai e
Vem outra Fernanda cai
Na laje do desdém. E a
Cidade noticia e silencia
Sobre tudo que acontece
Sua educação, sua saúde
Sua vida é pano de prato
A ferida dos pés sangra
Limpam inconsciências
Na ciência dos capachos
Um banho com sabonete
Cotonetes tiram as ceras
Acumuladas nos ouvidos
Mas ninguém viu nada
Ninguém ouve nada e o
Ouvidor, provedor do psiu
Silencia a cidade da moça
Estigmata. E a sociedade
Calada e pasma mantém
A política do “eu quero é
Mais”. Impunes os crimes
E o tempo vai, a menina
Passa, a jovem transita
De endereço e dimensão
As traças puíram sua pele
Gasta. Para nunca mais.