Veras Estigmas

Olho para o centro

Das mãos da menina

E o sangue brota e o

Sangue da moça mina

Vejo em seu olhar uma

Inútil esperança brilhar

Ela implora para ela, ela

Esperança ficar um, um

Minuto a mais. Mas sua

Fé logo vai girar bolsinha

Na esquina. E nesse vai e

Vem outra Fernanda cai

Na laje do desdém. E a

Cidade noticia e silencia

Sobre tudo que acontece

Sua educação, sua saúde

Sua vida é pano de prato

A ferida dos pés sangra

Limpam inconsciências

Na ciência dos capachos

Um banho com sabonete

Cotonetes tiram as ceras

Acumuladas nos ouvidos

Mas ninguém viu nada

Ninguém ouve nada e o

Ouvidor, provedor do psiu

Silencia a cidade da moça

Estigmata. E a sociedade

Calada e pasma mantém

A política do “eu quero é

Mais”. Impunes os crimes

E o tempo vai, a menina

Passa, a jovem transita

De endereço e dimensão

As traças puíram sua pele

Gasta. Para nunca mais.

DECIO GOODNEWS
Enviado por DECIO GOODNEWS em 07/10/2011
Reeditado em 07/10/2011
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