As nossas aldeias
As nossas aldeias
A sua gente, agora gasta e cansada,
E que na terra esgotou as energias,
Vive ao desamparo, amargurada,
Esperando o final triste dos seus dias.
A nossa juventude inconformada,
Movida pela ambição da sua idade,
Procura ter uma vida melhorada,
E envereda pelos caminhos da cidade.
Assim, á custa da míngua das aldeias,
Que mais desertas se vão tornando,
Vemos as cidades por demais cheias,
Onde a gente se está desumanizando.
Aqui, hoje, continuamos a padecer,
E algo grave nos está a atormentar,
É ver os nossos cemitérios a encher,
Enquanto as escolas se estão a esvaziar.
Os nossos campos outrora verdejantes,
De culturas que ao homem davam sustento,
Estão hoje á mercê das infestantes,
Pois ao povo envelhecido lhe falta alento.
E vós jovens, que deixais vosso rincão,
Procurando outra terra para viver,
Estais a escrever por vossa mão,
O epitáfio á terra que vos viu nascer