As nossas aldeias

As nossas aldeias

A sua gente, agora gasta e cansada,

E que na terra esgotou as energias,

Vive ao desamparo, amargurada,

Esperando o final triste dos seus dias.

A nossa juventude inconformada,

Movida pela ambição da sua idade,

Procura ter uma vida melhorada,

E envereda pelos caminhos da cidade.

Assim, á custa da míngua das aldeias,

Que mais desertas se vão tornando,

Vemos as cidades por demais cheias,

Onde a gente se está desumanizando.

Aqui, hoje, continuamos a padecer,

E algo grave nos está a atormentar,

É ver os nossos cemitérios a encher,

Enquanto as escolas se estão a esvaziar.

Os nossos campos outrora verdejantes,

De culturas que ao homem davam sustento,

Estão hoje á mercê das infestantes,

Pois ao povo envelhecido lhe falta alento.

E vós jovens, que deixais vosso rincão,

Procurando outra terra para viver,

Estais a escrever por vossa mão,

O epitáfio á terra que vos viu nascer

Alberto Carvalheiras
Enviado por Alberto Carvalheiras em 17/12/2006
Código do texto: T320982