CÉUS DE NEVADA

Desgrenha o frio pelos Pampas,

Vai faltar bóia pro gado,

Já falta canha nas guampas,

Até o silêncio é gelado.

Gelam as palavras na boca,

O vento corta as orelhas,

Os machos dormem de touca

Gemem de frio as ovelhas.

Dobram assovios as esquinas,

Cataventos roem os eixos,

Nada se vê nas meninas

Mais que a batida dos queixos.

O ar da graça do sol

Também congelou no céu,

A cor carmim do arrebol

De gris pintou o seu véu.

Nas bordas dos horizontes

A chuva cai “em carreiro”,

Cabeças d’água nas pontes

Detém o ir do arrieiro.

Resta o fogão e a cama,

Altar pampiano sagrado,

A prenda, fumo e uma rama

E dois olhares de agrado...

Vilmar Daufenbach
Enviado por Vilmar Daufenbach em 23/08/2011
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