De chimarrão, laço e guitarra

No meio da madrugada

Como é bom chimarronear

Só no silêncio da noite

Consegue-se o coração escutar

Minuano como um açoite

Nas flores da guanxumeira

Murmúrio brando de sanga

Na figueirilla derradeira

Que cisma rebrotar no outono

Entre a picada e a clareira.

Conto pra guitarra

Meus ressábios e segredos

Ela muy me conhece

Pelo pontear dos dedos.

O dia amanhece

Num velo amarelado

Encilho o bagual e calço espora

Que é rebanhar o gado:

Terneiro e leiteira no campo dos fundos

O resto reponta pra o campo dos lado.

Um osco fez que se nega

Capão e pacholeador

Saco meu quatro braças

E troco de ponta pra o corredor

Armada certeira qual desgraça

Ayuyo e convido o cavalo

Cucharreia com ilhapa nas guampa

Eu por fula, pago o pialo

E levantando submisso segue a tropa

Sem sinuelo pra guiá-lo.

Danielle Lorenzi
Enviado por Danielle Lorenzi em 22/08/2011
Reeditado em 22/08/2011
Código do texto: T3175527
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