História do Mané
Rema, rema, rema na maré
Pra casa da Maria vai o Mané
À tardinha buscar um cafuné
Cuidado Manuel com a espingarda do Jessé
O homem é bravo e pode acertar-lhe o pé
Como vai apanhar açaí,
Sem peconha, apenas com um pé?
A moça é de família não aja de má fé
Assim todos ficam felizes e pode até casar na igreja de são José.
Quando chega ao porto trás nas mãos um coité
Com doce de goiaba, feito a lenha em panela de barro.
Queimada com casca de caripé.
Maria toda contente corre a lhe preparar um café
Abanca-se no banco da sala seu Jessé
Com camarão e uma tigela de chibé
Põe-se a contar histórias pro pobre do Mané
Histórias de caçador sem cabeça nem pé
As horas vão se passando e nada de cafuné
Já tá perto da meia noite: - Avisa dona Bené
O coitado do Manuel só deu a Maria um inté
Entra na canoa e segue a noite escura pela fé.
Do auto do trapiche grita o velho Jessé:
- É um perigo essas horas remar pela maré,
Tome cuidado com o perigoso jacaré.
Sai dali tão enfurecido soltando fumaça parece uma chaminé.
Segue pelo rio a fora do nada surge o banzeiro e agora Mané?
A canoa começa a balançar, será a cobra grande ou o tal do Jacaré?
Lutar contra a maresia imagine o aperreio que é
Ainda tem a tal da Iara, peixe em forma de mulher.
Falando no diabo sente-se logo o seu pixé
Num instante tudo se acalma
Ouve-se apenas o canto da Iara a seduzir o Mané.
O homem foi encantado e sumiu nas águas do rio São Tomé
Esse é mais um causo de Dona Filomé
Causos da Amazônia, se é verdade eu não sei, acredite se quiser.
Até hoje não se sabe na real que fim levou o Mané.
Essa é uma homenagem aos ribeirinhos aqui da região amazônica, com seu estilo, crenças e linguajar característico.