Métrica

Esta copla é um regalo

A quem já me criticou, ou me critica.

Alegam que meus versos são disformes,

Que me falta a métrica.

Acho que eles não veem

Ou não querem compreender

Que rimas e estrofes não podem manear o que sinto.

Minha métrica é o clarão do guaxo

Que se assenta no horizonte.

Roubei-a de uma lonca crua,

Dos disformes tentos de uma soga bem sovada,

Da espuma do amargo,

Do pasto que rebrota.

Quem lê o que sinto e penso deve vê-lo

Como olharia os calos na mão do guasqueiro,

As cicatrizes de um ginete,

O soalho gasto no umbral da pulperia.

Ai então entenderia a minha métrica.

Só não me peça um verso moldado

Que obedeça a algo ou a alguém

Por que minha copla é meu espelho:

Redoma e gaviona,

Que de em pelo e sem cabresto

Galopa livre nos campos do pensamento.

Danielle Lorenzi
Enviado por Danielle Lorenzi em 21/07/2011
Reeditado em 22/08/2011
Código do texto: T3110119
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