À xilo
À Xilo
Fere a madeira
A madeira da xilo
Fere a goiva na mão do artista
Como ser dominador, do amante
na força, no metal cortante, o sulco
Ferida que não é dor
A dor é o prazer que deveras sente
Este que com a mão fere
E a poesia assim escreve
No êxtase do contemplar da obra
A cicatriz é a obra, o belo
E não a matriz, a qual deu à luz
A vida, a gravura, a imagem
Que sangra no corte sem sangue
É trocada pela sua cópia
Num choro sem lágrimas
É agora abandonada e esquecida
Queira seu criador chama-lá de arte.
À Xilo, 21 de junho de 2011.