À xilo

À Xilo

Fere a madeira

A madeira da xilo

Fere a goiva na mão do artista

Como ser dominador, do amante

na força, no metal cortante, o sulco

Ferida que não é dor

A dor é o prazer que deveras sente

Este que com a mão fere

E a poesia assim escreve

No êxtase do contemplar da obra

A cicatriz é a obra, o belo

E não a matriz, a qual deu à luz

A vida, a gravura, a imagem

Que sangra no corte sem sangue

É trocada pela sua cópia

Num choro sem lágrimas

É agora abandonada e esquecida

Queira seu criador chama-lá de arte.

À Xilo, 21 de junho de 2011.

Naldo Martins
Enviado por Naldo Martins em 22/06/2011
Código do texto: T3050532